Thursday, June 08, 2006

Será o petróleo maldito?

A história da existência do petróleo de Timor faz parte das minhas recordações de garota. Abria-se um furo, o petróleo jorrava com força mas, logo de seguida, fechava-se o furo.Havia duas versões para tal:Uns, diziam que não havia petróleo em quantidade suficiente.Outros, defendiam que Salazar preferia que não se propagasse a ideia de que Timor era rico, pois isso poderia ser mau para a “província”, atraindo as atenções externas e, por isso, deveria fazer-se de conta de que ele, o petróleo, não existia. Pensava-se que ele, o petróleo, poderia trazer a guerra.
E assim fomos sobrevivendo, sem guerra e à míngua, sempre de mão estendida pronta para os excedentes de outras “províncias” mais ricas, limitada pelo exíguo orçamento anual da província, pobre, cada vez mais pobre, mas amada, província profundamente filha amada do Império português que se estendia do Minho a Timor.
Esta foto ilustra justamente um desses furos abertos e fechados em Suai.Morreu Salazar. Finou-se o Império.
Somos independentes e sabe-se que somos potencialmente ricos. Temos petróleo! Agora que surge a hipótese, mesmo longínqua, de deixarmos de ser pobres, repetem-se as crises, os conflitos, a insegurança.
Não tarda, estão a dizer-nos que não vamos saber gerir as nossas riquezas. Ou que os terminais de gás nunca poderão ficar estacionados aqui em Timor-Leste.Mas, então, estaremos condenados a viver de esmolas eternamente?Não queria nada, mesmo nada, ter de reconhecer a razão a Salazar! Prefiro acreditar que foi sua maldição!

Texto de Ângela Carrascalão publicado em http://blogs.publico.pt/timor/

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