Love Song for Bobby Long
A Love Song for Bobby Long é daqueles filmes que apaixona à medida que se vai desenrolando. Uma história minimalista sobre três personagens destruídas, cada uma à sua maneira, pela vida e que se são forçados a partilhar uma pitoresca casa, algures no Alabama.
Em comum têm a figura de Lorraine, mãe falecida de Purslane uma personagem fisicamente ausente mas espiritualmente presente durante todo o filme, cujo espírito junta as três personagens principais desta história numa relação improvável mas que os fará compreender as suas vidas de outra forma.
Para quem já se tinha esquecido de que John Travolta era um bom actor, ele redime-se aqui do seu passado recente, marcado por filmes e papéis menores, criando um Bobby Long velho e rabugento, um homem destruído pela vida que encontra na literatura e no álcool as únicas formas de suportar a dor do seu passado.
A seu lado aparece uma Scarlett Johansson de grande nível, como felizmente vem sendo hábito, a jovem cujos sonhos foram destruídos por uma infância infeliz, mas que vai acabar por iluminar a vida dos dois homens que se empenham a fundo em que ela volte a estudar e se torne, desta forma, no seu grande orgulho.
Destaque ainda para Gabriel Macht, o menos conhecido dos três, mas que não tem em nada uma interpretação inferior à dos outros dois, conseguindo deixar transparecer um desapontamento contido com o rumo que a sua vida tomou. Esta é uma obra melancólica, que nos mostra a complexidade das relações humanas, onde os heróis são, na verdade, anti-heróis. O mito do homem moderno, com as suas hesitações e falhas é mais uma vez posto em evidência por Shainee Gabel, uma das realizadoras da nova vaga, a seguir atentamente nos próximos tempos.
6/10